Camané - O Remorso

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Batem-me à porta, quem é?
Ninguém responde, que medo
Que eu tenho de abrir a porta

Deu meia-noite na Sé
Quem virá tanto em segredo
Acordar-me a hora morta?

Batem de novo, meu Deus!
Quem é, tem pressa de entrar
E eu sem luz, nada se vê

A lua fugiu dos céus
Nem uma estrela a brilhar
Batem-me à porta, quem é?

Quem é? Quem é? Que pretende?
Não abro a porta a ninguém
Não abro a porta 'inda é cedo

Talvez seja algum doente
Ou um fantasma, porém
Ninguém responde, que medo

Será o fantasma dela
Da que matei. Não o creio!
A vida, a morte
Que importa

Se espreitasse p'la janela
Jesus! Jesus! Que receio
Que eu tenho de abrir a porta
Se espreitasse p'la janela
Jesus! Jesus! Que receio
Que eu tenho de abrir a porta

Feia noite de Natal
A esta hora o Deus menino
Já nasceu na Nazaré

Não há perdão para meu mal
Calou-se o galo
E o sino
Deu meia-noite na Sé

Continuam a bater
Decerto que é a justiça
P'ra conduzir-me ao degredo

Matei, tenho de morrer
Ó minha alma assustadiça
Quem virá tanto em segredo?

Seja quem for, é um esforço
Vou-me entregar ao tormento
Que me vence e desconforta

- Ninguém bateu! É o remorso
Não é ninguém! É o vento
Acordar-me a hora morta
- Ninguém bateu! É o remorso
Não é ninguém! É o vento
Acordar-me a hora morta

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Camané, nome artístico de Carlos Manuel Moutinho Paiva dos Santos (20 de dezembro de 1966, Oeiras, Portugal) é um cantor português conhecido por ser uma das mais destacadas vozes masculinas do fado.

Ainda jovem, começa a cantar e a gravar, influenciado pelo meio familiar. Em 1979, aos 13 anos de idade, vence a Grande Noite do Fado, que lhe abre portas para participações em várias produções teatrais de Filipe la Feria na década seguinte, como “Grande Noite”, “Maldita Cocaína” e “Cabaret”.

O primeiro disco mais sério, “Uma Noite de Fados”, sai em 1995. Gravado no Palácio das Alcáçovas, em Lisboa, dá início a uma longa colaboração com José Mário Branco, como produtor.

Para além do fado, o cantor tem feito incursões noutros géneros musicais. Em 2005, abordou compositores brasileiros como Vinicius de Moraes no espetáculo “Outras Canções”, no Teatro S. Luiz, em Lisboa. Em 2014, atuou no Festival Île de France, em Paris, numa homenagem a Cesária Évora, acompanhado pelos músicos da cantora cabo-verdiana.

Enquadrou ainda o projeto Humanos, com Manuela Azevedo e David Fonseca, que recuperou canções de António Variações 20 anos após a morte do cantautor, em 2004.